Em processo de andamento a cassação do mandato de senador do paranaense Sérgio Moro (União Brasil) é parte da vendeta do presidente Lula. Ruminada e urdida quando viveu encarcerado na República de Curitiba, o que a confessada sede de vingança não avalia é que custará muito caro.
Lula já conseguiu, por meios aliados, cassar o deputado federal mais votado do Estado, Deltan Dallagnol. Também odiado membro do judiciário da Operação Lava Jato, o ex procurador é um exemplo do que deverá ocorrer. Mesmo fora do perímetro dos políticos eleitos, o ex procurador consegue diariamente espaços na imprensa e na sociedade para a sua cruzada de injustiçado pelo atual governo federal.
Bola da vez visada antes de Bolsonaro, Moro figura como senador iniciante, sem grandes iniciativas políticas contra aqueles que condenou após sentar-se à sua frente no banco dos réus. Ainda tímido, acossado, tem se limitado a desmentir acusações e narrativas criadas pelos alcançados – ou quase – pela Lava Jato.
Mas se for cassado, com certeza Moro terá que defender-se publicamente. Portador de fatos e dados esclarecedores, denunciadores, terá espaço inclusive em outros países para falar sobre os réus que inquiriu, condenou e que hoje estão na berlinda política. Tentar calar um ex-juiz internacionalmente reconhecido pelo papel desempenhado na Operação Lava Jato será muito mais difícil que tirar-lhe o mandato de senador.
E dentre os possíveis sucessores políticos de Moro no Senado, Ricardo Barros (PP) e Paulo Martins (PL), também não são boa opção para o atual governo federal. Ricardo foi líder de Bolsonaro e Paulo Martins é um crítico feroz de Lula e do PT, mesmo sem ter mandato!
Em eleições anteriores para o Senado, Barros, que agora terá o apoio do governador Ratinho, conseguiu 2 milhões de votos e Martins 1.95 milhão. Esses totais inviabilizariam pretensões de Zeca Dirceu e Gleisi Hoffmann (PT), principalmente ela que já fugiu de derrota em reeleição para o Senado e optou pela campanha mais fácil, ganhando uma cadeira na Câmara dos Deputados.